Fundo poético do projecto:
Visa-se criar uma rede mundial de Turistas Interventivos (TI´s) que se impliquem nos lugares de passagem e não os deixem incólumes, que não se limitem ás trocas comerciais propostas, mas que através da intervenção local se configure uma nova ordem mundial de estar, uma verdadeira situação de pessoas supranacional em diáspora implicada a nível global.
Globalmente com uma localidade abrangente... com um enraizamento aumentado da família de nascimento, a uma família encontrada.
Assim propomo-nos organizar e incentivar um intercâmbio constante de Turistas Interventivos (e espaços de intervenção), assim como uma compilação de material de pesquisa/registo destes transeuntes; estas pessoas que para além do interesse em conhecerem novas paragens queiram deixar a sua marca nos locais por onde passam.
(Optámos por este nome para o projecto “turismo de intervenção” porque nos parece de maior interesse um trabalho de salvaguarda e ironia face ás dificuldades de existência do “pulmão criativo, inventivo” na sociedade.
Sendo que para nós é importante, agora, não estar a construir um discurso utópico positivo, dos falsos mundos libertos, da pós-modernidade.
Interessa-nos mais configurar, assim, a autocrítica da “arte”, da banalização do seu discurso crítico, da banalização do discurso alternativo, através da ideia que nos propomos desenvolver de “turismo de intervenção”.)
Antecedentes e organização das ideias de trabalho:
Interessa-nos continuar a desenvolver e a propor em Lisboa um espaço da acção plástica, da crítica interventiva: sobre o próprio espaço das artes plásticas, sobre o espaço público destas; sobre a questão do ambiente sacralizado das artes, de como em muitos casos dificulta que a vivência destas seja abrangente.
Neste sentido entendemos que através de um melhor entendimento da intervenção, do papel autonómico que o cunho da autoria proporciona nos próprios contextos, como radicalidade e pessoalidade, também se melhora o funcionamento dos sistemas artísticos e da sua relação com o público, que mais directamente percebe o papel que a expressão artística adquire e propõem no seu quotidiano.
Neste sentido interessa-nos com este projecto incentivar e criar, optimizar, redes de trabalho, em volta de propostas de intervenção, no espaço quotidiano urbano de Lisboa.
Este pedido de apoio insere-se na possibilidade de viabilizar o projecto que temos vindo a trabalhar, de intercâmbios de grupos de artístas, residências e construção de eventos.
Tem-nos interessado criar espaços que pensam a convivência, a interferência, o debate, nos processos de construção, assumidos como acção reflexiva, uma plástica, em que através de uma maior interacção entre pessoas se possa criar espaços de maior risco na investigação de atitudes.
No caso de Lisboa sentimos falta de um projecto que tente congregar esforços no sentido de localizar, e reflectir sobre uma rede de pessoas que aqui existem e que na maior parte das vezes trabalham isoladas, um projecto que traga pessoas de fora e proponha uma interacção, trocar processos, multiplicar a experiência e a abordagem da plástica, face ao social, ao quotidiano, à cultura.
Nós como grupo estamos em contacto como uma rede de pessoas que funciona através da auto-organização, que os próprios artistas gestores viabilizam agenciando-se com instituições e procurando a possibilidade de existência de: encontros internacionais de Performance, de Poesia e experimentação sonora, entre outras propostas que concorrem para a criação de territórios nómadas.
Estes centros matêm viva uma certa ideologia estética de foco existencial e efémero na plástica a contra sentido do hegemónico foco da ideia de “arte” na história de objectos e o seu comércio.
Interessa-nos trabalhar também com esta rede mundial de pessoas, não nos interessa porem fixar este projecto num manifesto da postura efémera da performance, contra as posturas fixas institucionais, mas antes manter uma atenção à postura interventiva dos indivíduos nas estruturas institucionais, nos campos que se fixam.
Pois parece-nos que a questão dos campos fixos, instituídos, tem que ser analisada de maneira complexa porque se por um lado esses campos criam problemas aos indivíduos, porque fixam o campo da expressão, por outro lado também lhe dão uma possibilidade de existir, comunicar.
Focamos assim o trabalho a realizar nesta atenção à capacidade interventiva, seja qual for o sistema onde se insere, mais conservador ou mais radical.
É nesta linha de trabalho que nos interessa seguir todo o projecto, entre uma certa postura dessacralizante, mais existencial e efémera na expressão artística, “turística” e a atenção à tenção entre a fixação dos campos, do instituído e a capacidade de autonomia, de autoria, “intervenção” sobre o mesmo.
O que queremos organizar na prática:
Excursões de Performance. Organização de residências e convívios vários para turistas de intervenção. Eventos de mostra de intervenção.
A criação de uma Revista da Moda: O guia do turísta interventivo.
APELAMOS A UMA MUDANÇA PROFUNDA DE MENTALIDADE GLOBAL REFERENTE À IDEIA DE TURISMO PARA SE PUDER MUDAR TAMBÉM O COMERCIO E A ECONOMIA À VOLTA DESTE E DESTA FORMA NOS SENTIRMOS SEMPRE EM CASA E AO MESMO TEMPO SEMPRE EM VIAGEM DE PASSEIO
Nuno Oliveira
Saturday, January 28, 2006
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